terça-feira, 8 de outubro de 2013

A chama, embora menos flamejante, nunca se apaga

Não é mesmo fácil. Após um início de campeonato empolgante, conquistar 1 ponto em 15 disputados, sendo que 12 deles foram jogados em casa, é um balde de água fria em qualquer um. Não condeno, portanto, quem terminou as últimas duas ou três pelejas em depressão e se questionando sobre o sentido da vida – até porque ocorreu o mesmo comigo. Perder um pouco da confiança é natural, mas não torcer é antialvinegro.

Passei os últimos dois dias pensando no que escrever para este modesto espaço. Ainda não sei bem, visto que não sei bem nem mesmo o que pensar sobre nosso Glorioso. Resta-me, por conseguinte, colocar nas letras a chama que, posto que menos flamejante, permanece acesa – e sempre permanecerá.

Nosso time é o mesmo. O mesmo que chegou ao G4 e acumulou uma gordura que nos dá ao luxo de tropeçar até mesmo no lanterna do campeonato na próxima rodada. Não há, assim, motivo para desacreditar por completo no reajuste nos trilhos. O treinador também é o mesmo, embora com o coração baqueado na última partida; o mesmo que fez milagres, com o plantel perdendo uma importante peça a cada fim de semana. Se, por um lado, não há explicações claras para a queda de produção, por outro também não há para a impossibilidade de recuperação.

Ademais, não somos só nos que tropeçamos. Há um batalhão logo atrás (e bem atrás, ainda que tenhamos decepcionado cinco vezes seguidas – que mau campeonato, hein?) que também parece fazer força para ficar no meio da tabela. Com exceção de Cruzeiro, e talvez de Grêmio – que também tropeçou mas agora se recupera (por que não nós também?) –, não há nenhum outro clube com desempenho muito regular no Brasileirão 2013.

E, ainda que os argumentos racionais não sejam muitos, como considero notório o espaço de torcedor que este blog é, precisamos pensar (com o coração): se o Botafogo voltar a vencer, se firmar no G4 e, daqui a algumas rodadas, confirmar a classificação para a Libertadores, você deixará de comemorar e aplaudir o atual elenco? Não, certamente não. Não é digno, destarte, largar tudo agora, reclamar e dar as costas, chorar e dormir, tirar a camisa e não recolocá-la a cada batalha. Mais uma vez, não podemos ser covardes. Ainda que a confiança não seja a mesma, ainda que não haja grande otimismo no início de cada jogo, é impossível, para os reais botafoguenses, deixar de torcer, sofrer e vidrar os olhos no campo ou na TV aguardando algum tento. Jamais deixará, aquele que realmente tem uma Estrela batendo no lugar do coração, de sentir sua alma penetrando no relvado alheio e isolando uma ofensiva adversária quando nosso herói de cada jogo estiver em campo. Será sempre o Botafogo nosso imenso prazer, nosso sofrimento, nossa alegria, nossa tristeza, nossa saúde, nossa doença, perdendo para ninguém ou tropeçando em... ninguém, ainda que em "alguém".

Amanhã, quarta-feira, 9 de outubro de 2013, às 21:50, estarei, embora desconfiante, torcendo e empurrando com a voz e com o coração meu alvinegro, conduzido pela Estrela Solitária, rumo à Libertadores 2013. A torcida merece, o elenco merece, a comissão técnica merece... a diretoria e o departamento de futebol não, mas o Botafogo é muito maior do que meia dúzia de incompetentes.


Vinícius Franco

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Keep walking

Não teria sido tão frustrante se o Botafogo não tivesse sido tão patético nas duas partidas anteriores. Além disso, o empate diante do Fluminense mostrou também que o time, apesar de ter melhorado um pouco, continua sem dominar e ameaçar o adversário, como fazia há poucas semanas. Uma queda de produção que ainda permanece, mas que não pode servir de fator para desânimo da torcida e muito menos do time.

O que parece necessário no momento é que Oswaldo, que foi um dos principais responsáveis por chegarmos ao G4, “reinvente” a postura do time. E o que preocupa é a impressão de que o treinador Glorioso ainda não sabe muito bem como fazê-lo: ontem, contra o Flu, Gilberto foi colocado no lugar de Henrique, fazendo com que o time tivesse três laterais de ofício em campo, além de ter retirado um atacante (o outro era Rafael Marques, que até então jogava como meia ofensivo) quando precisávamos de... gol. Não sei se foi o nervosismo do jogo que bloqueou minha visão, mas até agora não entendi o objetivo da entrada de Gilberto. De nada adiantou.

Além disso, alguns jogadores fundamentais, como Seedorf, Lodeiro e Rafael Marquem, precisam também se relembrar de como chutar a gol e dar assistências – ou, no mínimo, bons passes. Nosso craque holandês até que foi bem no “Clássico Vovô”, passando bem e sendo uma cabeça lúcida no meio-de-campo, mas o uruguaio continua errando até o próprio nome, e o herói dos clássicos passa apagado ofensivamente, malgrado toda a vontade demonstrada. 

Octávio, quase no fim da peleja, entrou no lugar de Lodeiro, e perdeu uma boa oportunidade de finalizar com perigo. Entretanto, a chuva de críticas feita ontem é extremamente injusta, uma vez que o jovem meia já demonstrou ter qualidade técnica. Obviamente, Octávio precisa ser um pouco mais “malandro” e ágil, mas não dá para fazer acusações depreciativas sobre um jovem jogador que, após a partida, vai até o Twitter e pede desculpas à torcida. Caráter, respeito pela torcida e honra à camisa ele mostrou que tem, além de reconhecer seu erro. O Botafogo não venceu porque desde o início não foi criativo e nem incisivo. Se não é para apoiar, deixem o garoto em paz! Não copiemos uma torcida “coirmã” que queima seus jovens valores por eles não se revelarem salvadores em momentos ruins. Burros são os outros, não nós!

Sobre o desânimo da nossa torcida e sobre as alegações da mídia no sentido de Botafogo e Flu viverem momentos opostos no campeonato: vivemos mesmo! Eles saíram do estádio cantando, comemorando o empate, e hoje há vários tricolores uniformizados nas ruas. Nós reclamamos e estamos insatisfeitos com o resultado, preocupados com a classificação para a Libertadores. Vivemos mesmo momentos opostos! Há os que pensam grande e os de "espírito C".

A cada tropeço em time mais ou menos, como nas últimas três rodadas, cresce nossa preocupação. Mas ainda dá, ainda é possível! Restam 13 rodadas – ou seja, 39 pontos em jogo – e estamos 6 pontos à frente do primeiro time fora do G4. O Grêmio, que nos ultrapassou e agora é segundo colocado, também tropeçou algumas vezes há pouco tempo. E se recuperou, e está na vice-liderança. Por que eles sim e não nós? A pergunta não é aos outros, e sim a nós mesmos, botafoguenses: desanimar e perder a fé não é opção, não faz sentido, não faz bem, não leva a nada, não é Botafogo 2013. Se há poucas rodadas o time se recusava a entrar em crise e agora coloca tal recusa em dúvida, recusemo-nos nós! 

Para cima do Grêmio no Maracanã, sábado, às 18:30. Jogo de 6 pontos. Jogo de torcedor de verdade. Jogo do Botafogo e para botafoguense de coração. Estejamos #unidos pelo que for, até o fim!

E lembrem-se também: estamos vivos na Copa do Brasil...


Vinícius Franco

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Estrela Solitária contra as nuvens

Escrevo aqui bem esporadicamente, naquelas épocas em que sinto que muito é dito, e ao mesmo tempo muito pouco ("fala demais por não ter nada a dizer...", diria Renato Russo). Não que me ache especial ou superior, mas preciso expressar-me.

Há três rodadas, o Botafogo de Futebol e Regatas era o segundo melhor time na tabela do Campeonato Brasileiro e considerado candidato ao título. Um jogo, contra o líder, mudou a ideia de alguns: 3x0 não é qualquer coisa. Contudo, muitos ainda entenderam que era apenas uma peleja em território alheio, em que não conseguimos construir nossas trincheiras, e fomos bombardeados. Sem desespero: no primeiro turno, o mesmo time que agora nos venceu havia nos visto levar os três pontos – 2 a 1, em Volta Redonda, e eu estava presente torcendo (leia-se sofrendo – como suamos!).

Após a derrota merecida – não obstante o placar exagerado – diante do primeiro colocado, teríamos dois jogos, em tese, tranquilos. Os dois adversários – em tese e na prática – seriam fracos: Bahia, nem lá nem cá, e Ponte Preta, bem lá (embaixo). Dentro dos gramados, no entanto, os 180 minutos revelaram um Botafogo perdido, sem energia, sem gana, sem criatividade, sem futebol, sem o Botafogo dos 9 meses anteriores, sem nada. Duas derrotas em jogos que, inicialmente, nos dariam 6 pontos garantidos, o que faria com que o líder não se distanciasse como fez (11 pontos a nossa frente) e nem que nossa batalha pela vaga na Libertadores ficasse psicologicamente abalada. E diante da própria torcida.

Duros golpes, de fato. Três derrotas seguidas servem de contestação para quem briga pelo título e até mesmo pela Libertadores. Nossa visão, entretanto, apesar de justificadamente baqueada, deve recuperar-se e entender que desanimar agora é errado – emocional e matematicamente.

Há poucas rodadas, este mesmo Botafogo era conhecido como "o time que se recusa a entrar em crise". Salários atrasados, estádio saqueado, importantes peças transferidas a tabuleiros estrangeiros, enfim, inúmeros fatores que levariam qualquer co-irmão à zona de rebaixamento nos deixaram na liderança ou na cola dela, além de não ter nos impedido de levantar a taça de melhor time do Rio de Janeiro com uma folga poucas vezes vista. O time se reinventava; Oswaldo de Oliveira, ainda que após um tempo, mostrava que suas apostas sempre davam certo; tudo, ainda que no mais típico sofrimento botafoguense, dava certo. A Estrela Solitária nos conduzia à glória mesmo sob forte chuva de meteoros. Conduzia?

Nuvens parecem ter se formado sob o teto de General Severiano após as três derrotas, duas das quais patéticas sob o aspecto da postura do time. Mas será mesmo que não podemos continuar acreditando nesse time que por tantas vezes já se mostrou herói? Não podemos desafiar a tempestade que parecer estar se formando para continuarmos caminhando na estrada dos louros? Não há um facho de luz? Há, e é o mesmo que nos permitiu acumular 42 pontos, nos deixando no G4, agora na 3ª colocação (empatado com o 2º), e nos pode fazer acreditar que não há nuvens que afastem o brilho de nossa Estrela. Se para o título, não sei: o Cruzeiro abriu uma grande vantagem e demonstra uma regularidade em sua campanha apenas comparável à do Náutico. Mas nosso objetivo no início do campeonato era a Libertadores, e estamos mais do que vivos para realizá-lo.

Ademais, do que podemos chamar nossas vitórias contra Atlético Mineiro, na Copa do Brasil, após ver o nossos maior freguês abrindo 1 a 0 em pleno Maracanã? Como podemos ver a vitória sobre o Criciúma, em Santa Catarina, com gol de voleio do Elias no último minuto – aquele mesmo último minuto que tanto nos castigou? O que foi o gol de Hyuri no final do jogo contra o Corinthians, após enfiada seedórfica de Edílson?

Em suma, como devemos encarar um time que, internamente, neste ano apanhou mais do que manifestante frente à polícia, mas que em campo levantou uma taça e se mantém na briga por outras duas?

Desanimar não é opção. Retirar o apoio não é opção. Vaiar não é opção. Se somos Botafogo, devemos estender as mãos quando o time tropeçar, porque se esse esquadrão é o mesmo que se negou a entrar em crise quando não se poderia exigir o contrário, nós, torcedores, que dizemos amar, iremos nos acovardar?

Amanhã, quarta-feira, às 21h, temos um clássico no Maracanã. O adversário é um que já cansou de saber o que é ver a Estrela Solitária brilhando e afastando todas as nuvens em 2013. Os que podem têm, no mínimo, obrigação de ir ao Maracanã – e apoiar do início ao fim. Os que não podem ir têm o dever de contagiar toda a torcida, vestir a camisa, sair nas ruas e mostrar ao Brasil que estamos vivos. Que o Botafogo é e há de ser nosso imenso prazer. Amanhã e em todas as rodadas restantes. Retroceder e render-se, jamais!

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.
(Legião Urbana - Metal Contra As Nuvens)

Vinícius Franco