sábado, 15 de março de 2014

O que importa é a Libertadores, e é exatamente por importar tanto que o Carioca preocupa

Não é mesmo ano de se almejar grandes coisas no Campeonato Estadual. É ano de Libertadores após 18 anos; é ano de se ter a Libertadores do Botafogo.
 
No entanto, é exatamente por ser a Libertadores de 2014 tão importante que devemos nos preocupar com o que ocorre no Carioca: os reservas imediatos do time que disputa a competição continental mostram, jogo após jogo, reiterada e exageradamente, que, em sua maioria, não deveriam vestir a camisa do Botafogo nem nos sonhos de seus animais de estimação. Grande parte do "time B", que finge jogar futebol no Estadual, e que pode entrar em campo pela Libertadores, é uma tragédia. Ressalvas a serem feitas somente para Bolatti e Junior Cesar, e talvez para Zeballos, que acabou de chegar. Só.
 
Tomemos, portanto, cuidado ao não dar importância para o Campeonato Carioca: que se lixe o fato de não termos conseguido a classificação para a semifinal deste campeonato que, embora relevante, não merece prioridade, mas importemo-nos com o motivo da desclassificação – pífia, patética, displicente, preguiçosa e desinteressada.
 
E classificar a desclassificação como desinteressada não está em contradição com o que já foi dito: não deveríamos almejar mesmo algo grandioso no Carioca de 2014, porém deveríamos sim esperar que os "jogadores B" demonstrassem mínima vontade e capacidade para atuar no time principal. Não ocorreu.
 
O Carioca importa; não pelo Carioca, mas porque "ele" pode estar na Libertadores a qualquer momento.
 
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Vinícius Franco - @franconio
15 de março de 2014

domingo, 9 de março de 2014

O que preocupa é a (falta de) substância

Mais um jogo pelo Campeonato Carioca de 2014, mais um vexame. Após empatar com Resende, Bangu, Volta Redonda e Audax e perder para Macaé, Cabofriense e Friburguense, o Botafogo soma nova derrota no Estadual. E a fonte de revolta não está no placar, aceitável num clássico, e sim no futebol praticado — ou não praticado.

A grande questão após a vitória do Fla — que também não demonstrou um futebol vistoso ou muito eficiente — é: o que querem os reservas do Botafogo? Decerto, não é mostrar serviço, honrar suas camisas e seus salários, muito menos fazer-nos acreditar que temos suplentes dignos na Libertadores e, futuramente, no Brasileirão. Do goleiro ao centroavante, é difícil excetuar alguém da regra da displicência, da imaturidade, da covardia e da preguiça.

Embora o problema seja, portanto, geral, cabe questionar: Helton Leite conseguirá, com suas caças a borboletas, tomar a "vaga" de Renan até quando? Lucas pretende nos fazer sentir falta de Gilberto? Airton vai a campo logo após sair de um octógono? Renato ganhou alguma promoção do plano de sócio-torcedor para assistir às partidas no gramado? Daniel e Gegê são promessas de quê?

E, apesar de ter defendido Eduardo Hungaro em texto recente, começo a analisar a possibilidade de questionar: no papel, individualmente, esse time reserva não é tão ruim a ponto de nos fazer acreditar previamente que os jogos serão tão bisonhos... por que, então, não "dá liga" em jogo nenhum, com exceção daquele contra o Flu?

E na raiz de tudo, mais uma vez, não vejo algo senão a diretoria.

Que a Libertadores continue nos dando motivos para não nos preocuparmos com a mera desclassificação no Carioca. Os titulares — que até agora só brilharam no Maracanã — precisam manter nossa confiança.

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Vinícius Franco - @franconio
09 de março de 2013.

sábado, 1 de março de 2014

Hungaro tem caráter e dá a cara a tapa

No ano de 2013, eu muito reclamei de treinador que não assumia erro, nem os próprios e nem os de seus comandados, justificando maus desempenhos como algo que "simplesmente passa" — isso quando reconhecia que havia algo reprovável.

Para 2014, foi escolhido um treinador inexperiente, apesar de já ter certo tempo de casa em General Severiano. Eduardo Hungaro, em ano de Libertadores, foi (ou ainda é) visto com olhares meio atravessados por botafoguenses, como eu. Não seria (ou é) um equívoco colocar o time nas mãos de alguém que não tenha antes conduzido outro esquadrão em grandes competições? Talvez, mas os fatos têm jogado a favor de "Duda". Ao menos na minha visão.

O time vai bem na Libertadores. Apesar da derrota para o Deportivo Quito na estreia, massacrou o clube equatoriano no Maracanã. Já na fase de grupos, contra o San Lorenzo, no mesmo Estádio Jornalista Mário Filho, outra vitória consistente foi conquistada, sem chances para o atual campeão argentino (e time mais abençoado do planeta). Contra o fraco Unión Española, no Chile, nada mais que um decepcionante empate, mas, por se tratar de peleja na casa do adversário, matematicamente, não foi ruim.

Algumas críticas, no entanto, vêm se concentrando em Hungaro devido ao desempenho do Botafogo no Campeonato Carioca. Principalmente após a derrota de hoje frente ao pífio Macaé, muitos estão insatisfeitos com o desempenho do time no Estadual. Penso, todavia, que Hungaro tem agido corretamente: não se pode sacrificar o time da Libertadores, de nossa Libertadores após 18 anos, no campeonato estadual. Não importa briga por bicampeonato: a inteligência precisa ser maior que o orgulho. A Libertadores é prioridade. E Hungaro tem escalado as melhores peças entre os reservas. Se as melhores peças dentre os reservas são risíveis peças, a culpa não é do treinador.

Além disso, Hungaro, já no intervalo, hoje, colocou dois titulares (Wallyson e Ferreyra) no time, além de Lodeiro, logo depois. O time precisava jogar mais para frente; urgia que o treinador ousasse. E foi o que foi feito.

Ademais, vejo que as boas atuações do time na Libertadores, além de pelo décimo segundo jogador — nossa maravilhosa torcida —, são em grande parte devidas a Hungaro, que não comanda um time brilhante. Edilson é um lateral limitadíssimo, que só tem como grandes qualidades a raça e um potente chute; Julio Cesar às vezes é indolente; Bolívar às vezes se confunde; Marcelo Mattos é uma porta; Jorge Wagner não é ruim, e não que seja correto comparar alguém com Seedorf, mas aquele poderia ter ao menos umazinha característica de nosso último camisa 10...; Lodeiro é oscilante; Ferreyra é um dos maiores caneleiros que já vi com a camisa do Botafogo. E ainda assim vamos bem.

Em suma, apoio totalmente Hungaro no que tange a escalar os reservas no Carioca. Com o perdão do termo, mas que se dane o Estadual quando se tem uma Libertadores. Ainda assim, "Duda" dá a cara a tapa, como fez hoje após a deplorável derrota frente ao Macaé, e diz que a responsabilidade pela má colocação do time no Carioca é dele. Não é, a meu ver. Os reservas são muito limitados. Mas, ainda assim — é muito bom e divertido lembrar —, fazem rival virar pó de arroz. Hungaro foi um dos responsáveis pelos 3x0 — tirou leite de pedra.

Enfim, Hungaro dá sinais de saber lidar com limitadas peças do elenco. E tem caráter, dá a cara a tapa, mesmo quando não necessariamente precisaria.

Minha única crítica, por enquanto, é: Marcelo Mattos titular não dá mais. Principalmente quando se tem Bolatti no time. O argentino, guardadas as proporções, pode devolver ao Botafogo um pouco do que foi perdido com a saída de Seedorf: lucidez, visão, tranquilidade e qualidade no passe.

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Vinícius Franco - @franconio
01º de março de 2014