domingo, 2 de dezembro de 2012

Empate no clássico é reflexo do ano; saídas, chegadas e permanências.

Admito que não pude assistir ao clássico de ontem entre Botafogo e seu maior rival dos últimos anos, o Fla. Só ouvi e depois vi os melhores momentos, mas ainda assim acho que posso falar um pouco sobre a partida.

Em muitos aspectos, a peleja de ontem refletiu o ano alvinegro ─ e, algumas vezes, o perene espírito botafoguense. O derby começou com a Estrela Solitária brilhando primeiro, com Sassá, que em 2012 mostrou ser um grande atacante das divisões de base do Glorioso e que merece mais chances no time titular há tempos, empurrando a pelota para dentro da meta adversária, demonstrando, mais uma vez, seu faro de gol. Aliás, "Sassalotelli" (como é apelidado, segundo a transmissão da Rádio Globo durante o jogo) é mestre em balançar redes rubronegras: em três jogos contra este adversário (dois deles na Taça OPG de juniores), nosso craque emergente fez quatro gols. Já terá muita gente tremendo ao ouvir seu nome na escalação... E, pra completar o déjà-vu do ano no primeiro gol, a assistência foi do gênio Clarence Seedorf, uma das maiores ─ quiçá a maior ─ alegrias de General Severiano nesta temporada.

Quando parecia que o Botafogo poderia ter um jogo tranquilo, eis que o ano, ou melhor, o espírito do clube, reaparece, lembrando-nos de que não torcemos para o Barcelona: empate, com a costumeira falha da nossa defesa ─ que já é vulnerável com suas principais peças, imagine com Fábio Ferreira e Brinner. Nixon, que renunciou à presidência estadunidense, mas não à irresistível chance de marcar dada pela defesa alvinegra, igualou o marcador. Intervalo, 1x1.

Na volta para o segundo tempo, nosso ídolo holandês precisou ser substituído devido a dores musculares. Vítor Júnior, o baladeiro bom de bola, pisou no relvado do Engenhão. A tristeza pela saída de Seedorf tornou-se alegria com seu substituto quando este marcou mais um tento alvinegro, após linda jogada do lateral Lima pela esquerda, deixando dois urubus depenados para trás. O Glorioso estava à frente no placar mais uma vez: 2x1. Comemoração e alívio ─ um infeliz temporário alívio.

Sem Jefferson, Lucas, Antônio Carlos, Dória, Márcio Azevedo e Elkeson, nosso herói de cada jogo não foi tão heroico assim: mais uma vez cedeu o empate, quando um dos poucos bons jogadores do adversário adiantou-se à marcação do zagueiro alvinegro Brinner ─ o que não é muito difícil ─ e nos abateu novamente. 2x2. Era o espírito do Botafogo no ano dando sua cara mais uma vez: o time pode sair na frente, pode superar um empate, mas a decepção virá; o onze é inconsistente, frágil e pouco aguerrido.

Para finalizar o reflexo do ano no jogo, o adversário ameaçou muito mais até o fim do jogo, criou inúmeras chances e não marcou, e pôde-se perceber pela enésima vez que o ditado "quem não faz, leva" só não se aplica a adversário do dono do escudo mais lindo do mundo.

Falando agora sobre as transferências em General Severiano, comentarei algumas poucas situações em meio aos inúmeros rumores: Oswaldo de Oliveira confirmou que as saídas de Rafael Marques, o "pirulito japonês" (by Zé Fogareiro), e Amaral, um dos piores volantes do alvinegro nos últimos anos, se concretizarão. Grandes reforços para o Glorioso em 2013.

Além disso, o treinador alvinegro, que certamente terá seu contrato renovado, disse que as situações de Fábio Ferreira e Vítor Júnior ainda são incertas. Eu até gostaria que o Vítor Júnior ficasse. O garoto é baladeiro, mas se sua conduta fora de campo for ajustada e não prejudicar seu desempenho como profissional, ele pode contribuir bastante, pois joga um bom futebol. O problema é que o custo para sua permanência seria alto, o que já me deixa em dúvidas se valeria a pena. Já sobre Fábio Ferreira... tem que sair, pra ontem. Péssimo zagueiro, nos deu inúmeras tristezas, decepções e nos deixou imersos na mais pura raiva em diversas ocasiões.

Por fim, parece que Elkeson permanecerá com a Estrela Solitária estampada no peito de seu uniforme ─ pelo menos por enquanto. O meia que virou atacante se transferiria para um clube chinês cujo nome não tenho como lembrar ─  e nem faço questão ─  mas o negócio melou, visto que a diretoria botafoguense não aceitou as condições de pagamento oferecidas. Elkeson, por mais que deixasse patente que não era atacante de origem e nos deixasse em desespero em algumas partidas, no todo  teve um bom desempenho. Pode, sem dúvidas, ser útil ao time se ficar, mas creio que melhor ainda seria a utilização do dinheiro de sua venda para trazer um real goleador, ou até mesmo para manter Bruno Mendes. Se ele ficar, bom. Se sair, ótimo se o dinheiro for bem gasto pela diretoria.

Entremos agora em mais de um mês de crise de abstinência de Botafogo. Ela poderá ser (mal) mitigada a partir do dia 5 de janeiro, quando o Glorioso estreia na Copa São Paulo de Futebol Júnior contra o Santo André. Até lá posto mais sobre a competição. Abraços, alvinegros.


Vinícius Franco
botafoguense e colunista do Canal #Sports